segunda-feira, 17 de março de 2008

3. O Rompimento

Ele permanecia observando e pescando colegas para a conversa. Continuava do lado da namorada, embora a pesca o levasse sempre a caminhar entre os colegas da roda. Para ele isso era a liberdade, mas permanecia quieto, ensurdecendo o ritmo do desejo da caminhada, como um menino que quer dançar e se aquieta com vergonha enquanto seus pés continuam seguindo vertiginosamente o ritmo da música. Ele sentia seus pés formigando de tanta inquietação e para agüentar segurava firme a mão da namorada.
Após o término de mais um efêmero bate-papo, os olhos dele encontram os olhos dela. Solta as mãos da namorada, se entrega à inquietação de seu pé e se põe a caminhar firme (fizera isso poucas vezes) em direção a ela. “Oi”, disse. E ela, avermelhando-se em milésimos de segundos, olhando para baixo e retornando o olhar a ele: “Oi”. “Eu sou Roberto”, e segura as mãos dela, esboçando e projetando seu corpo para um beijo na bochecha. “Eu sou Érica”, e acanhada, aceita o beijo. Roberto retira-se e, ao caminhar de volta para o lado de sua namorada, ambos atentam-se para o fato de que todas as conversas paralelas que ocorriam na roda cessaram e todos os olhos observavam a pequena cena improvisada entre Roberto e Érica, o que a deixou ainda mais avermelhada. Roberto gostou de vê-la vermelha, e a veria assim muitas vezes ainda.

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