segunda-feira, 10 de março de 2008

1. Ele

Muitos anos haviam que eles estavam juntos. Conheceram-se certa vez numa roda de conversa, onde haviam inúmeros amigos. Eles, no entanto, nunca haviam se visto, nem mesmo em um lugar qualquer. E caso tivessem se visto antes, não haviam notado a presença um do outro.

Ali estavam todos numa roda. Em um desses dias de conversa ele percebeu que ali se encontravam esses amigos apenas com um objetivo: se encontrarem para colocar a conversa em dia. Eram todos jovens, todos muito novos. Ele e ela também, e nunca haviam se visto.

Ele sempre pescava todos a seu redor com os olhos. Não olhava com malícia. Pescava homens e mulheres e estava sedento de conhecer a todos, de conversar com todos e não sentia presença desagradável alguma a seu lado, assim como não tinha conhecimento que sua presença podia desagradar alguém.

Na roda de amigos havia paixões correspondidas e paixões não correspondidas e ele, por procurar sempre pescar seus colegas pelo olhar, conseguia distinguir as relações que se estabeleciam entre seus colegas. Apenas uma coisa ele não conseguia entender: “Por que têm pessoas que me olham como se eu estivesse fazendo algo de errado?” De fato, ele não tinha conhecimento de que sua presença podia desagradar , e de fato desagradava a alguns.

Ele estava apaixonado, com sua menina linda consumista a seu lado. Ele também é grande, e por vezes não sabe encarar o seu próprio tamanho e caminha langão, esbarra nas coisas no caminho, arrasta tapetes e topa às vezes com as pessoas sem que tenha domínio de seus próprios movimentos.

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