quarta-feira, 26 de março de 2008

8. Os encontros

Roberto e Érica, após o rompimento da roda, começaram a se aproximar e saíam sempre com outros amigos. Conversavam horas perto da casa de um ou de outro. Roberto falava muito nesses encontros, pois sempre encontrava os olhos de Érica. Aos poucos, os amios se distanciaram. Roberto percebera a ausência dos amigos antes dela, no entanto nada podia fazer, preferia contemplar essa situação. uns começaram a namorar, outros a trabalhar e um deles se mudou para uma distante cidade. Roberto adorava olhar e contemplar o rosto e o corpo de Érica, mas olhou-o e teve vontade de tocar-lhe. Érica sentiu-se atraída pelos olhares de Roberto e insinuou-se várias vezes, durante muitos meses. A ele, interessava mais olhá-la do que tocá-la.Roberto percebeu que ia perder alguém para estar em sua companhia e passou a encarar o olhar o olhar, o rosto e o corpo de èrica de outra forma. Foi quando ela começou a namorar um rapaz e ele viu-se sozinho, o que já era esperado.

7. Érica e sua família

Era orfã de pai e inúmeras vezes se vira, sem se perceber de tal fato , sentada no colo dos namorados como uma filha senta no colo de seu pai. Adorava sua mãe, mas mantinha com ela relação distante, pois fora criada pelo padrasto e distante do pai. Dizia à mão que sentia falta do pai, e certa vez a mãe saio de seu quarto e deixou-a só pelo resto da noite e nunca mais Érica reclamoou a ausência de alguém.

6. Roberto e o papel

A única relação de Roberto com os livros e o caderno era mantida graças à sua mãe, que adorava ler. Depois da morte da mãe, Roberto se desfez de todos os livros e cadernos e resolvera se dedicar à contemplação das cosias.

5. Érica e sua mania

Érica tinha a doce mania de escrever em seu diário ainda com seus mais de 20 anos. diariamente, antes de dormir ou ao acordar, ela escrevia em seu diário. por vezes eram coisas completamente importantes, como as palavras de sábios; e já outras nem mesmo sabia o que desejava dizer:
nos dias mais difíceis de ver o céupensamos no prazer de ter sobre a pele o calor do sole no olhar o brilho da luaa vida repleta de prazeré uma busca por vezes impossível de encotnrar mas existem momentos e esses momentos nos fazem pensar na impossibildade da felicidade
Anotara em seu diário todas as informações que julgava necessárias, e considerava suas idiotices coisas importantes. Na verdade, ela mesmo às evzes considerava seus escritos coisas idiotas. Mas compreendia que grande parte da vida das pessoas era pura idiotice: trabalho, família, estudos. Érica considerava seus sentimentos, seus puros e simples sentimentos, e várias vezes nõa os entendia. Nunca apagava uma só página de seu diário; exceto uma única vez, quando escreveu:
"A vida deve ser mesmo extremamente importante e válida. Cada segundo, cada hora e cada dia são cruciais para o futuro"
Considerou essa a idiotice mais idiota que tivera transposto para o papel e pacientemente colou um pedaço de papel amarelo em cima da sentença. Mais tarde ela perceberia que deveria ter apagado o papel ou, melhor ainda, rasgado ou queimado mas com certeza devia ter se desfeito da página.

segunda-feira, 17 de março de 2008

4. Roberto e sua mãe

Roberto amava a mãe, que morrera cerca de três anos atrás. Aprendera o consumo de café com ela, embora tenha ultrapassado a mestra na quantidade do consumo. Adorava acordar pela manhã, esquentar a água e sentir o cheiro do líquido preto por toda a casa. Não importava o tempo lá fora, quente ou frio, Roberto bebia uma, duas, às vezes cinco xícaras de seu forte café pela manhã, e não sabia que era o café que o impedia de dormir. Descobriu ser o café a causa de sua falta de sono um dia em que, na falta do pó, pegou ervas para fazer chá e, ao invés de acordar às oito , seu horário habitual, acordara às onze da manhã, tentando entender por que dormira tanto. Acabou por tomar chá apenas quando estava doente. Aprendera a tomar chá também com a mãe.
Sentia por ela uma profunda paixão. Roberto era filho único, o pai deixou-o no início da adolescência e sua mãe criou-o sozinha, não podendo fornecer-lhe um curso ou um estudo melhor. Roberto, no entanto, gostava de estudar e ler, o que o fez escapar de várias influências em sua adolescência e conhecer várias coisas apenas mais tarde, já com seus vinte e três anos.
Roberto sempre soubera a importância que sua mãe tinha em sua vida. Duvidou apenas uma vez quando ela deu-lhe um tapa no rosto. Estava nervosa pois tinha sido abandonada pelo marido a pouco tempo.
Ela era asmática e vivia à base de remédios. À partir dos cinqüenta e três anos toda a situação se agravou e não podia mais trabalhar. Roberto tinha dezesseis anos e viu-se obrigado a trabalhar. Embora o trabalho numa loja de conveniências lhe ocupasse um tempo considerável, não deixara de estudar com afinco. Começou a desenhar compulsivamente e conheceu uma professora de desenho, para quem sempre mostrava seus rascunhos, disposto a ouvir todas as críticas como um atento aprendiz.
Quando sua mãe morrera, Roberto tinha dezenove anos. Viu todos os parentes chorando a morte de sua mãe. Apenas ele naquele velório não chorava e não saíra de seus lábios um comentário. A morte de sua mãe não era esperada e Roberto não estava preparado para tal acontecimento. O velamento do corpo se deu num final de tarde quente. O cemitério ficava em cima de uma série de morros. Roberto sentara num banco observando a cidade enquanto o pôr-do-sol , na sua frente, lhe esquentava a face e coloria a cidade de cores que a tempos ele não via. Esquecera ele que o corpo de sua mãe estava logo ali, gelado. Perdeu-se na busca de cores na cidade e descobrira mais tarde que a busca daquelas cores seria semelhante a certos ritmos dos quais acabou por gostar muito, mas que acabaram por lhe trazer uma profunda nostalgia.
Voltou a si somente quando uma tia, que ele gostava muito, sentou-se ao seu lado e deu-lhe um forte abraço. “Quer falar algo meu querido?”. “Não, não estou entendendo o que está acontecendo, por que todos estão chorando”. “Quando as pessoas se vão, choramos de saudade!”.
Não era a primeira vez que Roberto se deparara com a morte. “É uma saudade que sabemos que iremos sentir por muito mais tempo e que não podemos saciar”.
Roberto ouvia sua tia com atenção, mas não lhe respondia e não esboçava reação alguma. Ainda não entendia a morte, e gostaria de entende-la ainda. Não entendeu a morte quando do falecimento de sua mãe, mas compreendeu o momento único que é o pôr-do-sol visto daquele cemitério, com a cidade recebendo aquela luz alaranjada e o corpo abraçado pelo calor do sol.

3. O Rompimento

Ele permanecia observando e pescando colegas para a conversa. Continuava do lado da namorada, embora a pesca o levasse sempre a caminhar entre os colegas da roda. Para ele isso era a liberdade, mas permanecia quieto, ensurdecendo o ritmo do desejo da caminhada, como um menino que quer dançar e se aquieta com vergonha enquanto seus pés continuam seguindo vertiginosamente o ritmo da música. Ele sentia seus pés formigando de tanta inquietação e para agüentar segurava firme a mão da namorada.
Após o término de mais um efêmero bate-papo, os olhos dele encontram os olhos dela. Solta as mãos da namorada, se entrega à inquietação de seu pé e se põe a caminhar firme (fizera isso poucas vezes) em direção a ela. “Oi”, disse. E ela, avermelhando-se em milésimos de segundos, olhando para baixo e retornando o olhar a ele: “Oi”. “Eu sou Roberto”, e segura as mãos dela, esboçando e projetando seu corpo para um beijo na bochecha. “Eu sou Érica”, e acanhada, aceita o beijo. Roberto retira-se e, ao caminhar de volta para o lado de sua namorada, ambos atentam-se para o fato de que todas as conversas paralelas que ocorriam na roda cessaram e todos os olhos observavam a pequena cena improvisada entre Roberto e Érica, o que a deixou ainda mais avermelhada. Roberto gostou de vê-la vermelha, e a veria assim muitas vezes ainda.

segunda-feira, 10 de março de 2008

2. Ela

Ela, assim como os demais colegas, se tornava presente na roda de amigos apenas pelo prazer do encontro e da conversa. Conhecia a todos na roda, exceto ele, que buscava sempre a conversa pelo olhar. Aquilo lhe chamou atenção, mas não soube com exatidão o motivo.

Estava apaixonada a muito por um rapaz. Namorara com ele por dois anos, conhecera o sexo com o rapaz, seu primeiro namorado, e passou a gostar muito de sexo, embora não transparecesse isso de forma alguma às pessoas. Não conseguira manter namoro. Queria ele de todas as formas. Queria um psicólogo, um pai, uma mãe e somente depois de tudo isso queria o rapaz como namorado. Era carente e órfã de pai.

Depois do término do namoro, chorou longos dias à espera dele em sua cama. Queria atenção. Mas ele não apareceu. Cansada de esperar e cansada da ausência, resolveu levantar a cabeça e sair novamente de casa. “Quem sabe o encontro lá fora!” Era o seu desejo.